Artesanato Yanomami com fungos: arte viva da floresta

Artesanato Yanomami com fungos: arte viva da floresta

Os Yanomami são um dos povos indígenas mais conhecidos do Brasil e do mundo.

Com uma história milenar e uma cultura profundamente conectada à natureza, vivem em uma extensa região da floresta amazônica que abrange parte do norte do Brasil (nos estados de Roraima e Amazonas) e o sul da Venezuela.

A Origem dos Yanomami

Estudos antropológicos indicam que os Yanomami habitam a região amazônica há pelo menos mil anos, embora suas raízes culturais possam ser muito mais antigas. 

Eles vivem em comunidades chamadas yano ou shabono, grandes casas circulares que abrigam várias famílias sob o mesmo teto — símbolo de sua coletividade e interdependência.

Atualmente, estima-se que existam cerca de 30 mil Yanomami vivendo na floresta, resistindo a décadas de violações de seus direitos, invasões garimpeiras e políticas de invisibilização. 

A luta dos Yanomami é também a luta pela preservação da floresta, da vida e do conhecimento ancestral.

Cosmologia Yanomami: Tudo é Vivo

Na cosmovisão Yanomami, tudo é vivo: rios, montanhas, árvores, animais, astros e fungos. A floresta não é apenas um lugar de moradia, mas uma entidade viva com quem se deve manter um relacionamento de respeito e equilíbrio. 

Os xamãs (ou pajés) se conectam com os xapiripë, espíritos da floresta, por meio do uso de plantas sagradas e cantos cerimoniais. Esses espíritos guiam, curam e protegem seu povo.

Arte Yanomami: Natureza que se Transforma

A arte Yanomami é uma extensão dessa cosmovisão. Pinturas corporais com urucum e jenipapo, cestos trançados com fibras vegetais, colares de sementes e penas são expressões da sua relação com a floresta e os espíritos. 

Mas uma das técnicas mais surpreendentes e recentes que tem ganhado destaque é o uso de fungos para criar artefatos — um encontro entre tradição e biotecnologia natural.

O Fungo que Vira Arte: Biomateriais Yanomami

Você sabia que os Yanomami também produzem artesanatos a partir de fungos amazônicos?

Essa técnica inovadora e sustentável utiliza o Micélio, uma rede de filamentos de fungos que se desenvolve naturalmente em ambientes úmidos e ricos em matéria orgânica. Quando cultivado em moldes ou substratos naturais, o micélio se expande e forma uma estrutura resistente, biodegradável e moldável — uma espécie de “couro vegetal”.

Como funciona essa técnica?

  1. Coleta e cultivo: O fungo é coletado da floresta ou cultivado a partir de cepas selecionadas.

  2. Substrato natural: Ele é alimentado com resíduos orgânicos, como fibras de madeira ou cascas.

  3. Crescimento guiado: Em poucos dias, o micélio cresce no formato do molde onde foi inserido.

  4. Secagem: Após o crescimento, o material é desidratado, tornando-se firme, leve e durável.

Essa técnica é sustentável, não tóxica e 100% biodegradável — e respeita profundamente a lógica Yanomami de coletar sem destruir, transformar sem explorar.

Quais artesanatos são produzidos?

Os artesãos Yanomami vêm desenvolvendo uma série de peças com o micélio, como:

  • Máscaras rituais, inspiradas nos xapiripë, utilizadas em cerimônias espirituais.

  • Utensílios e recipientes, como tigelas, potes e bases para uso cotidiano ou decorativo.

  • Objetos artísticos, como esculturas inspiradas em animais da floresta e seres da cosmologia Yanomami.

  • Biojóias, combinando o micélio com sementes, fibras e dentes de animais — cada peça conta uma história da floresta.

Por que valorizar esses artesanatos?

Ao adquirir uma peça feita com micélio, você não está apenas comprando um objeto bonito e ecológico — você está apoiando a autonomia econômica de comunidades indígenas, fortalecendo o protagonismo dos povos originários e reconhecendo sua contribuição única para a inovação e sustentabilidade.

Além disso, cada peça carrega em si uma mensagem: a natureza pode ser arte, pode ser resistência e pode ser futuro.

Na Maniò, celebramos a sabedoria ancestral e apoiamos o direito dos povos indígenas de viver com dignidade, autonomia e conexão com sua cultura.

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